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ComPosições Políticas: outras histórias do Rio de Janeiro

Bela Maré, de 2 de março a 1 de abril de 2016  /  Hélio Oiticica, de 2 de abril a 21 de maio 2016

 

A exposição

A exposição mostra os trabalhos que iniciamos em residência no Bela Maré no mês de março de 2016: dezenove obras produzidas por Hevelin Costa, Leila Danziger, Livia Diniz, Guga Ferraz, Naldinho Lourenço, Josinaldo Medeiros, Davi Marcos, Wagner Novais, Rafucko, Aleta Valente, Francisco Valdean e Gê Vasconcelos.

 

Somos um grupo heterogêneo de artistas/ativistas de diferentes idades, trajetórias, e áreas de trabalho vindos de diversos lugares da cidade: dos doze expositores, seis são moradores da Zona Norte – entre eles cinco moradores da Maré;  dois  vivem na Zona Oeste, Bangu e Cidade de Deus, um é da Zona Sul e três do Centro.

 

A exposição no Hélio Oiticica começou no dia 2 de abril com a maior parte das obras ainda em processo, e durante sete semanas o grupo de artistas continuou trabalhando na finalização e documentação dos seus trabalhos. 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

A proposta do ComPosições Políticas: outras histórias do Rio de Janeiro foi juntar um grupo de pessoas para trabalhar a partir de imagens recentes veiculadas na mídia. Imagens que nos causaram impacto e que causaram impacto no imaginário carioca. Imagens que falam das outras histórias que o Rio olímpico, com o apoio da grande mídia, insiste em silenciar. 

 

O projeto surge da vontade de criar espaços-tempo de trabalho coletivo para produção de uma política-arte que busca formas de lidar com nossas urgências.  E, nas obras que estão em exposição no Hélio Oiticica, as artistas falam de maneira mais ou menos explícita dessas urgências: violência policial, re-apropriação da memória e da autoimagem coletiva, maternidades marginais, remoções, mobilidade urbana. Falam também das diversas táticas que as famílias e amigos de vítimas da violência usam para manter viva a memória do ser querido, da guerra às drogas, do racismo na operação verão, da potência da infância e da sua exposição contínua à violência nas favelas, da dor e do vazio de quem fica.

 

Em práticas recentes, a arte busca interferir nos mecanismos de visibilidade e invisibilidade midiática. Tornar “visível” seria portanto garantir lugar e voz na esfera pública. Nestes tempos em que as grandes mídias atuam como porta-voz do poder e não como fiscais de seus abusos, como ecoar a voz dos que não podem falar por estarem mortos, dos que temem represálias, dos que se sentem impotentes para  relatar seu sofrimento? Nesta cidade, somos continuamente expostos a imagens que não conseguimos digerir. Como evitar o distanciamento produzido pela proliferação de atrocidades num contexto de saturação imagética? Como pensar o testemunho dos acontecimentos traumáticos cotidianos? 

 

Diante de cada imagem, é preciso perceber o que foi preterido, silenciado, apagado. Diante de cada imagem que toma posição, há histórias por contar.

 

 

A residência

Ficamos em residência durante mês de março no espaço Bela Maré na favela da Maré. As participantes de outras áreas da cidade foram alojadas em casas de moradores da Maré e, ao longo de quatro semanas, compartilhamos trabalho e vivências. Durante esse tempo, nos debruçamos sobre questões como o direito à imagem, a memória coletiva ou a representação do horror, e nos deixamos atravessar pela potência sociocultural e afetiva de um território que, como tantos outros da cidade, continuam submetidos ao estado de exceção.

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

Houveram momentos de processo individual e coletivo e também momentos de troca com outros artistas, ativistas e teóricos convidados. Organizamos dois encontros de portas abertas: o primeiro com o coletivo de mídia comunitária Maré Vive e o fotógrafo mareense Bira Carvalho; e o segundo com o Norte Comum. Nesse segundo encontro recebemos a visita de Carlos Henrique da Silva de Souza, pai de Carlos Eduardo, um dos meninos cujo carro foi fuzilado em Costa Barros, e tivemos a oportunidade de escutar seu depoimento.

 

Tivemos também um seminário:

 

Sábado 12 de março

Marisa Flórido (RJ)    Arte e mídia  I  Mauricio Lissovsky (RJ)   O visível e os invisíveis  I  André Mesquita (SP) Arte entre o silêncio e a evidência.

 

Sábado 19 de março

Luiz Cláudio da Costa (RJ)    Imagem-memória I  Francisco Valdean (RJ)   Imagens do povo, um arquivo do comum   I  Ana Paula Oliveira e Deize Carvalho  (Rj)  I  Apresentação do Grupo de Mães de Manguinhos e do grupo Mães Vítimas da Violência.

 

 

 

 

 

Bela Maré e Centro Municipal de Arte Hélio Oiticica

Desde que começamos a cogitar o projeto era claro que a residência deveria se desenvolver em um território que estivesse atravessado no seu cotidiano pelas questões sobre as quais queríamos trabalhar. Escolhemos a Maré pela nossa conexão anterior com diferentes espaços, pessoas e grupos mareenses, além do seu potente histórico de organização comunitária, uma organização que fez possível o surgimento de infraestruturas para a arte como o Galpão Bela Maré onde foi a sede da nossa residência.

 

O Bela Maré abriu pela primeira vez seu espaço a um projeto que não estava sob a sua realização, e colocou a disposição seu educativo: os educadores mareenses Letícia Souza e Daniel Remilik, que se integraram no nosso grupo e nos facilitaram diversas conexões.

 

No dia 2 de abril, saímos do Bela Maré e trasladamos as obras em processo e parte do mobiliário da residência para o Centro de Arte Hélio Oiticica nosso novo lugar de trabalho ate o fim da exposição no dia 21 de maio.  É uma grande satisfação mostrar as obras resultantes da residência em um centro que traz o nome de um artista que é referência chave do projeto: Hélio Oiticica um dos primeiros artistas no Brasil que usou como inspiração imagens veiculadas na mídia para produzir arte que denuncia as construções sociais e midiáticas perversas da nossa sociedade.

 

Agradecemos à equipe do Bela Maré e do Hélio Oiticica pela sua abertura a trazer novas dinâmicas conectadas às complexidades da nossa realidade.

 

 

Quem somos

Composições Políticas é um projeto concebido por Isabel Ferreira em colaboração com Eduardo Bonito. 

 

É realizado pela Bonito e Compri com o apoio do Observatório de Favelas / Galpão Bela Maré, do coletivo de mídia comunitária Maré Vive e do Centro Municipal de Arte Hélio Oiticica. ComPosições Políticas recebeu o patrocínio da Prefeitura do Rio de Janeiro.

 

Ficha técnica residência

Direção e coordenação geral: Isabel Ferreira

Coordenação de produção: Eduardo Bonito

Consultoria de conteúdos: Marisa Flórido

Produção: Geo Abreu, Miriane Peregrino

Documentação: Josinaldo Medeiros

Design gráfico: Rafael Puetter, Rosinaldo Lourenço

Administração: Kelly Cristina

Colaboração: Fellipe Redó

 

Ficha técnica exposição

Coordenação geral: Isabel Ferreira

Coordenação de produção: Eduardo Bonito

Documentação e design: Josinaldo Medeiros, Naldinho Lourenço, Gê Vasconcelos

Comunicação: Geo Abreu, Lívia Diniz, Isabel Ferreira

Documentação: Josinaldo Medeiros, Leo Nabuco

Produção de montagem: Miriane Peregrino

Montagem: Robson Affini

Monitoria: Adrielly Ribas e o grupo de participantes do ComPosições Políticas

Administração: Kelly Cristina

Colaboração: Fellipe Redó

 

Agradecimentos especiais

Livia Diniz 

Equipe do Bela Maré / Observatório de Favelas: Alexandre Silva, Daniel Remilik, Letícia Souza, Luiz Gonzaga, Marcia da Silva Pereira, Raquel Willadino e Jorge Luiz Barbosa.

Equipe do Centro Municipal de Arte Hélio Oiticica

Maré Vive

Nuvem

Catarina Saraiva, Marisa Mantxola, Leo Nabuco, Cristina Ribas, Sonia Sobral, Diogo Santos, Tantão, Ana Paula Oliveira, Deize Carvalho e Irone Santiago.

 

Agradecimentos

Amaia Ferreira, Aldair serralheiro e familia, Ana Paula Lisboa, Ana Amelia Silva Rocha, Ana Lucia de Oliveira, André Mesquita, Alberto Aleixo, Associação Panorama, Bira Carvalho, Brechó da baiana, Bruno Horacio, Bruno Rico, Cadu Barcellos, Carlos Henrique do Carmo souza, Carlos Meijueiro, Coletivo Crua, Coletivo Roça Rio, Costureira Catia Borges dos Santos, Crianças de um bloco das casinhas da Baixa: Gabriel, Henrique, Luciane, Ana Luiza, Sofia, Caique, Maira, Lívia, Cauã, Fellipe, Wanderson, Bruna, Rayane, Lavynna, Lucia Helena Camino, Junior, Roberto, Leone e Nicole, Douglas Lopes, Eduardo Henrique Souza da Baptista (Dudu), Fátima Pinho, Festival Dança em Foco, Francisco Valdean, Geandra Nobre, Geisa Lino, Gláucia dos Santos, Henrique Gomes, Janjão, Joana Csekó, Jorge Roberto Lima da Penha, Julio César Da Silva Lima, Julio Lúcio, JV Santos, Leo da banca de jornal, Luis Claudio da Costa, Marcos Serra, Mauricio Lissovsky, Michelle Queiroz, Mônica Aparecida Santana Correia, Mônica Cunha, Natasha Neri, Nicinha Medeiros, Pablo Meijueiro, Rafael Cruz, Raul Santiago, Rio Scenarium, Rodrigo Leitão, Romano, Santi Sanz, Thiago Diniz Timo Bartholl, Valdemir Alves, Vanessa e Riquelme, Violeta Abreu, Vitor Santiago e Yayo Aznar.

 

 

edital da residência

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